Neste domingo, o G1 publicou uma matéria intitulada “856R-Lapa-Socorro, a linha ‘Transiberiana’ de SP, pode acabar após 40 anos”. Na matéria a jornalista Paula Paiva Paulo faz uma viagem pela linha e colhe depoimentos de seus usuários. Ela trás um ponto que complementa o texto “856R e suas alternativas”, que publicamos há alguns dias.
Na matéria, uma passageira entrevistada diz que vem de Barueri e que o ônibus da 856R é a terceira condução dela, que o usa para chegar até Perdizes. Para esta usuária não mudaria muita coisa, caso a SPTrans corrija a alternativa apresentada para o trecho Lapa-Terminal Pinheiros. A linha 1.01.18 Conexão Vila Iório-Terminal Pinheiros, que é a atual 199D/10, não atende a esse trecho da 856R. No entanto, caso haja a correção do atendimento, será que outros usuários que vêm de pontos distantes da Lapa e fazem integração com a 856R para completar sua viagem não terão problemas com o tempo de viagem? Segundo o Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes Sérgio Avelleda, nas simulações feitas pela SPTrans, não seria necessário mudança no tempo do Bilhete Único.
Origens e Destinos – Quando são feitas as análises dos trajetos e a criação das alternativas, percebe-se que o foco está somente na Origem-Destino da própria linha. Mas, e a Origem-Destino do passageiro? Quem é o usuário da 856R? Será que ele já vem de um transbordo de outras linhas? Se sim, quais linhas esse usuário utilizou para chegar até a 856R? Será que ele termina sua viagem com a 856R? Para onde esse passageiro vai? E o mesmo questionamento pode ser feito aos usuários de dezenas de outras linhas que serão modificadas ou extintas.
Para uma mudança do tamanho dessa que a SPTrans quer implantar, com início a pouco menos de um ano, não seria necessário entender o deslocamento do usuário e os motivos que o levam a fazer esse deslocamento? Não seria necessário uma pesquisa Origem-Destino, semelhante a essa que o Metrô está fazendo, mas envolvendo a própria área SPTrans? Hoje o que vemos é uma “adaptação” de linhas dentro de um trajeto existente mas que, por falta de estrutura, não dá garantias ao passageiro de que ele terá viagens mais rápidas do que as que faz atualmente.
Ao final da matéria, a jornalista cita uma alternativa de percurso entre o bairro do Socorro e a região de Pinheiros, conforme nota da SPTrans: “‘Para a ligação com Pinheiros, os usuários vão dispor de duas linhas intituladas Term. Santo Amaro – Term. Pinheiros, porém com prefixos diferentes. Uma delas, a partir do Largo 13 de Maio, será coincidente com a linha 856R-10. Já a outra irá do Largo 13 de Maio até as imediações do Corredor ABD (Av. Roque Petroni Jr.), seguindo pela Berrini. Assim, a ligação para Pinheiros vai exigir apenas uma integração’, informou a SPTrans.” A linha que segue direto é a atual 637P/10; já a que segue pelo Corredor Berrini é a 709M/10. Apesar do site da SPTrans trazer tempos de viagem parecidos para as duas linhas, a 709M tem problemas no trecho entre a Av. Brigadeiro Faria Lima e o Corredor Berrini. Nesse trecho a linha segue por vias muito movimentadas, como a Horário Láfer na ida e a Av. Juscelino Kubtschek e a Rua Prof. Geraldo Ataliba na volta. Esse pequeno trecho a faz perder muito tempo, sobretudo nos horários de pico. Já fizemos algumas viagens pela 709M, acompanhando a 637P, pelo Olho Vivo e em todas a 637P foi mais rápida. Se a SPTrans quer convencer o usuário de que as viagens ficarão mais rápidas com esses seccionamentos, a 709M não foi uma boa dica.